Passos, Sónia De Biblioteca Erudita a Biblioteca Popular? As práticas de Leitura Pública na Biblioteca Pública Municipal do Porto (1833‑1926)., 2011 . In Porto Romântico, Porto, 29-30 April 2011. [Conference paper]
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English abstract
Reading practices in Porto became public with the decree dated July 9 by order of Pedro IV establishing the creation of the Public Library Municipal do Porto (BPMP). The ideals of the French Revolution appealed strongly to the values of education and instruction. The monarch understood well the new liberal spirit, and the need to invest in intellectual development through the promotion of education and literacy, which would have libraries as its main partners. The 1844 decree turned primary teaching mandatory and the popular classes came to have access to education, which provided them access to libraries and books, no longer a monopoly of the ruling classes. Until then, the city of Porto only had libraries connected to religious institutions, which were expropriated. Their libraries were later incorporated as public property. There were also some private reading cabinets with restricted access, according to their subscription system. The working classes had to wait until 1884 to see the emergence of "Night Reading" service in the BPMP. The Public Libraries Act was published by a monarchic Government in 1870. Then comes the first Portuguese legislation, consistent with the need to extend reading habits and, therefore, the diffusion of knowledge, to the working classes. In fact, 47 years after the foundation of the Municipal Public Library of Porto, it was believed that there was a place for the promotion of reading beyond a scholar readership and beyond the walls of the once ecclesiastic building of St. Lazaro. Furthermore, books should no longer be under the purview of a private institution, and should move to the public sphere, while trying to embody the Liberal ideals, thus antagonizing the Old Regime practice. This practice collapsed in most European nations, to try to assist politically, with or without glory, the consolidation of the romantic utopia which would frame almost all of the 19th century in Portugal and which would extend until the first two decades of the 20th.
Portuguese abstract
As práticas de leitura no Porto tornam-se públicas com o decreto datado de 9 de Julho por ordem de D. Pedro IV que institui a criação da Biblioteca Pública Municipal do Porto. Cândido José Xavier, secretário de Estado dos Negócios do Reino, no relatório elaborado aquando da sua criação declararia: “A ignorância é a inimiga mas irreconciliável da liberdade; e se a missão de um Governo é satisfazer as necessidades da Sociedade, o seu primeiro dever é sem dúvida preparar, e dar aos seus administrados a instrução necessária para desenvolverem a sua inteligência, como uma justa garantia dos Direitos, que lhes confere e como uma compensação devida pelas obrigações que lhes impõe” (BPMP, 1833: 6). Os ideais da Revolução Francesa apelavam fortemente ao valor da educação e da instrução, e o monarca soube bem compreender o novo espírito liberal, e a necessidade de investir no desenvolvimento intelectual através da valorização da escolarização e da alfabetização, as quais teriam como principais parceiros as bibliotecas. O decreto de 1844 torna obrigatório o ensino primário e as classes populares passam, assim, a ter acesso à educação, a qual permite aceder às bibliotecas e aos livros, que deixam de ser monopólio das classes dominantes. Até então, a cidade do Porto contava apenas com as bibliotecas das ordens religiosas, então incorporadas como património público, e com alguns gabinetes de leitura, de origem privada, restrita a uma comunidade e sujeita a cotas. As classes populares tiveram que aguardar até 1884 para ver nascer o serviço da BPMP de “Leitura Nocturna”, especialmente considerado para “proporcionar meio d’instrucção ás pessoas, que achando-se durante as horas do dia laboriosamente occupadas em seus misteres e profissões ou empregos públicos e particulares, não podem frequentar a mesma Bibliotheca durante as horas de sua abertura diurna” (BPMP, 1884: 4) Como antecedente documental deste processo temos que, no Porto, segundo o Relatório de 1849-1850 do Conselho Superior de Instrução Pública, “a Câmara tem formado o projecto de estabelecer uma colecção de obras elementares de artes e ofícios e indústria, para que os artistas e operários possam aproveitar-se dos conhecimentos difundidos naquelas obras”. Nos idos de 1870 o Governo monárquico manda publicar a Lei das Bibliotecas Populares. Surge então a primeira legislação portuguesa consistente relativa à necessidade de alargar os hábitos de leitura e, por conseguinte, a difusão do Conhecimento, às classes laboriosas. De facto, quarenta e sete anos passados sobre o acto de fundação da Biblioteca Pública Municipal do Porto achava-se haver lugar ao fomento da leitura para além da erudição, para lá das paredes conventuais da biblioteca de S. Lázaro. Mais do que isso, tentava-se dar corpo ao ideário do Homem Liberal para o qual os livros deveriam deixar de estar sob a alçada da instituição privada e deveriam passar para a esfera pública, antagonizando, assim, com a prática do Antigo Regime que desmoronava na maior parte das nações europeias, tentando ajudar, politicamente, com glória e sem ela, à consolidação da utopia romântica que marcaria quase todo o século XIX português e contagiaria ainda as primeiras duas décadas do seu século passado.
Item type: | Conference paper |
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Keywords: | Política Cultural - História da Leitura Pública- Bibliotecas Públicas - Bibliotecas Eruditas - Bibliotecas Populares - Romantismo – Porto - Biblioteca Pública Municipal do Porto - Cultural policy - History - Reading in public libraries - Romantism - Popular libraries - Heritage libraries |
Subjects: | B. Information use and sociology of information > BC. Information in society. D. Libraries as physical collections. > DC. Public libraries. |
Depositing user: | Sónia Passos |
Date deposited: | 18 Oct 2012 |
Last modified: | 02 Oct 2014 12:24 |
URI: | http://hdl.handle.net/10760/17851 |
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